Lucília Gralha nasceu em Tondela, em 29 de março de 1959, cerca de 9 meses depois de o Brasil ter conquistado o Campeonato do Mundo de futebol e de a sua mãe ter conquistado um brasileiro bêbedo que festejava o triunfo.

Apesar de nunca ter conhecido o pai, Lucília Gralha teve uma infância marcada por uma forte vivência familiar, sobretudo pela profunda relação que mantinha com os avós maternos. Foram eles, uma bailarina clássica e um torneiro mecânico, que lhe incutiram os valores da cultura e da arte, levando-a espetáculos de ballet, a concertos de música erudita e à ópera, mas também à oficina do avô, para que ela aprendesse que há formas e formas de ganhar a vida.

Depois de acabar a faculdade (estudou Artes Plásticas na Universidade do Porto), estagiou na redação da primeira revista juvenil portuguesa, Borbulha Cool. O sucesso que fez na abordagem a temas como ‘Ele gosta de mim ou só anda comigo porque eu uso altos decotes?’ ou ‘Posso engravidar por ter relações sexuais com o meu namorado?’ levaram-na à página de correio sentimental da revista Gertrudes, onde permaneceu até 1984.

Nessa altura, sentiu um chamamento adormecido desde a infância e dedicou-se ao jornalismo cultural. Primeiro, na revista Afectada, depois no suplemento Coisas Para Intelectuais do jornal O Fulminante. Quando aquele diário explodiu, Lucília tentou a sua sorte na televisão, com o magazine cultural “Baião de Cultura”, co-apresentado com João Baião. A experiência durou três anos, mas só teve espectadores no primeiro mês.

Em 1991, resolveu voltar ao jornalismo escrito, no jornal Púlpito (onde conheceu Arnaldo Midões), tendo ficado à frente de várias secções do suplemento Escapadas: ‘Concertos Eruditos Obrigatórios Para se Ser Considerado Intelectual, ‘Exposições com Quadros com Títulos Parvos’ e ‘Filmes que Aposto que São Inteligentes Porque São de Gajos Suecos’.

No final da década, voltou à televisão, apresentando o programa de entrevistas “Aposto Que Também Não Sabe Quem É Este Convidado”, que inaugurou um estilo, depois fortemente copiado, de dar visibilidade televisiva a indivíduos pedantes que nunca fizeram nada na vida mas que gostam de ser chamados de artistas. Fez ainda os programas “30 Minutos Em Que Não Vou Fazer Perguntas E Vou Pôr Um Ar Embevecido” e “Tenho 15 Perguntas Escritas Mas Não Entendo Nenhuma”, do mesmo género, e o magazine cultural “Olha, Diz Que Aconteceu”.

É a atual responsável pela secção de ‘Artes+Media’ do Jornal do Fundinho.